"Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o".

Buda



Reflexão da Semana

A vida só pode ser entendida olhando-se para trás. Mas só pode ser vivida olhando-se para frente.

S. Kierkegaard

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

18º Degrau


A INTOLERÂNCIA AS CRÍTICAS.

        O que para alguns é simplesmente uma forma de conselho, duvida ou  troca de opiniões, para alguns é motivo da mais acirrada discórdia e repulsa e as  vezes até de sentimentos de desconfiança, que por muitas vezes é revestida de ataques camufladamente enrustidos  em histórias que visam exclusivamente atacar a pessoa que criticou algo.
        Mas porque as pessoas agem assim? Quando recebo alguma crítica, mesmo sendo pessoal, procuro refletir se tem fundamento, procurando, se possível, até me colocar no lugar do outro para ver se tem sentido tal crítica, se vejo que a crítica não tem sentido, apenas ignoro e não me permito achar nada de ruim a esta pessoa, principalmente se por ela nutro algum sentimento. A meu ver, vejo nas críticas somente duas vertentes, a construtiva e a destrutiva ou maldosa, mas me parece que essas pessoas só conhecem a crítica maldosa.
         Não vejo com bons olhos uma crítica pessoal, apesar de recebê-las como disse anteriormente, não vejo nelas motivos para a harmonia interpessoal e portanto, não vou me ater a esse assunto.Quero realmente falar de críticas impessoais, aquela crítica que expomos a um amigo, a um parente ou a uma pessoa que julgamos de nossa confiança , sobre uma determinada pessoa, postura, situação ou objeto, nada referente ao nosso interlocutor, mas que infelizmente algumas vezes é interpretado como pessoal e acaba refletindo sobre  nós como uma profunda repulsa, usando de subterfúgios animalescos, filosóficos e algumas vezes até religiosos e pessoais.
         Vejo que um dos motivos principais dessas repulsas  a críticas são as referentes as questões religiosas. Uma crítica a qualquer fato, situação ou objeto religioso, hoje reverte em ataques pessoais, pois a eles, uma pessoa não pode ter pensamento próprio, não pode ter sua liberdade de ser quem é pois o julgam incapaz intelectualmente e moralmente de fazer uma escolha certa, pois qualquer escolha que não seja a deles é considerada errada, pois somente eles são conhecedores da verdade.
         A dita intolerância religiosa na realidade é a necessidade de fazer cumprir leis, ensinamentos, que são na realidade criadas e interpretadas a seu bel prazer, criadas por interesses dos homens e portanto, pouco religiosos.
         Voltando no tempo podemos ver que esta intolerância religiosa é discriminatória e que muitas guerras , genocídios, holocaustos, divisões entre famílias e ódios milenares são cultivados até hoje.
          Agindo dessa maneira, podemos até chegar  a conclusão que algumas religiões são fruto de mentes que anseiam por poder e riqueza somente e que tentam tirar de nós o direito a autogestão espiritual, de podermos  agir e pensar conforme nossas convicções e de avaliarmos por nós mesmos o mundo que vivemos.
          Nos é imposto o medo de ser, de fazer-se ser, de ousar, de arriscar o novo, de pensar, questionar e refletir sobre o que já está estabelecido. Usando-se de Deus algumas religiões nos faz sentir a necessidade de fecharmo-nos em dogmatismos, fundamentalismos e fanatismos, tentando-nos levar( e algumas vezes conseguindo), a um não pensar, condicionando-nos a um pensamento único e repetitivo, levando-nos a uma mentalidade tão estreita que dificilmente conseguiremos nos libertar , visto que o convencimento é que assim teremos uma parte desse Deus para nós.
         Infelizmente os tentáculos da intolerância que são a discriminação e o pré conceito, impedem que observemos de forma desarmada o mundo a nossa volta, exigindo-nos, enquanto adeptos de alguma religião, um posicionamento irrefletido, idealizado em cima do suposto direito de ser o dono absoluto da “verdade única”, indiscutível, intocável e somente a eles pertencente.
          A intolerância religiosa,a meu ver é nada divino, mas, quando passa a ser intra religiosa é revoltante, incoerente e porque não dizer hipócrita. A meu ver , correntes de pensamentos dentro de uma religião podem ter visões diferenciadas e mesmo alguns pontos de vista divergentes, sem com isso perderem a essência da religião, aliás, acho que algumas religiões sobreviveram através dos tempos em virtude dessas divergências pois se atualizaram em certos aspectos.
         Devemos cultivar nossa capacidade  de empatia,de compreensão a alteridade,ou seja de respeito ao próximo, pois como disse Nelson Mandela : “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”

\Ronaldo Telles Costa
21/12/2009
18:32
        

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

17º DEGRAU

                                            Espiritualidade ou Crença?



                Ultimamente tenho me perguntado sobre essas duas vertentes, a espiritualidade e a crença. Há alguns dias atrás, em um churrasaco muito agradável, o anfitrião, um amigo que muito prezo, me perguntou se eu era espiritualista e quando disse a ele que sim, ele imediatamente me perguntou. “– Ronaldo, em que você acredita?” Apesar de responder-lhe imediatamente sobre minha crença me veio a mente a seguinte pergunta – Ué! Tenho que crer em algo para ser espiritualista?.Espiritualidade é sinônimo de crença?
             Fui para minha casa pensando comigo: Espiritualidade é sinônimo de crença? Espiritualidade é sinônimo de crença?... Sendo assim, pensei primeiro em começar pelo radical da palavra espiritualidade , ou seja, espírito. No Aurélio on line encontrei esta definição: “ Parte imaterial do ser humano, a alma”. Bem, sendo eu um ser humano, logo, eu tenho essa parte e se eu creio que tenho essa parte, sou um espiritualista e se sou um espiritualista , logicamente creio em mim e por crer em mim, posso desenvolver-me, ou seja, posso melhorar minha alma, meu espírito.
              Não posso considerar essa antítese espiritualidade-crença, pois ela, para mim, não é real, pois a crença hoje em dia está intimamente ligada a esperança, a fé de se obter algo, de conseguir vantagens materiais, uma crença completamente irrefletida movida exclusivamente por interesses pessoais e na sua maioria ,materias.
             Nosso espírito para se aperfeiçoar, precisa fazer reflexões, comparações, e se tornar uno com a matéria , não podemos deixar dogmas religiosos, ensinamentos tirados de outros ensinamentos, filosofias tiradas de outras filosofias, ou culturas dominantes nos impor a dualidade espírito x matéria. Não podemos perder a verdadeira unidade “realmente sagrada” que existe no ser humano vivo (digo vivo), que é a convivência dinâmica de matéria e espírito entrelaçados e inter-retro-conectados.
            O espírito nos permite provar essa experiência de não dualidade, os Upanishads, da India, dizem: - “ Tu és isso tudo” apontando para o universo, já os yogis, dizem: - “Tu és o todo” , atribuido a Jesus, na bíblia, se diz: “O Reino de Deus está dentro de vós” e por fim, no manuscrito do mar morto, considerado pela igreja como bíblia apócrifa diz: “ Deus está dentro de cada um de nós”.
            Estas afirmações remetem a uma experiência e não a uma doutrina. A experiência é que estamos ligados e religados uns aos outros e todos à “Fonte Originante”. Um fio de energia, de vida e de “ sentido, “ que interliga a todos nós seres humanos vivos. Bem disse Blaise Pascal: -“ Crer em Deus não é pensar em Deus mas sentir Deus “.
           Auscultando a nós mesmos percebemos que emergem de nosso interior apelos de compaixão, de amorização e de identificação com os outros e com o Grande outro, Deus. Dá-se conta de uma presença que sempre nos acampanha, de um centro ao redor do qual se organiza nossa vida interior e a partir do qual se criam nosso sonhos e as significações últimas da vida.   Trata-se de uma energia originária, com o mesmo direito de cidadania que outras energias, como a sexual, a emocional e a intelectual.
          Para ter e alimentar espiritualidade não precisamos professar nenhum credo ou aderir a uma instituição religiosa. A espiritualidade não é monopólio de ninguém, mas se encontra em cada pessoa e em todas as fases da vida. Essa profundidade em nós representa a condição humana espiritual, aquilo que designamos espiritualidade.
         Creio que o juizo fundamentado basicamente no amor, irá prevalecer sobre o juízo fundamentado na relação puramente egoísta e material e que nossa felicidade espiritual está pautada principalmente em fazer o nosso semelhante feliz, pois só assim alcançaremos a plenitude espiritual.

Ronaldo Telles Costa
02-12-2009 – 19:26hs.